Modos de atuar a síndrome congênita do Zika vírus entre famílias da Bahia, Brasil

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Monica Machado de Matos
Litza Andrade Cunha
Jorge Alberto Bernstein Iriart
Luís Augusto Vasconcelos da Silva

Resumo:

Esta investigação tem como objetivo apresentar uma rede de eventos na qual foi sendo tecida a síndrome congênita do Zika vírus (SCZ). Acompanhou-se de perto as necessidades de cuidado das famílias, os medos, as incertezas biomédicas, as dificuldades de entendimento, os desafios delineados nos momentos de se fazer escolhas difíceis e todo o fluxo de acontecimentos em que a realidade da doença foi sendo produzida nas diversas práticas. A orientação metodológica tomou como referência o pressuposto de que a SCZ emergiu à medida que foi sendo manipulada nas diferentes práticas em espaços diversos. Por conceber os processos de saúde e doença desse modo, este estudo se inspirou no trabalho da etnógrafa Annemarie Mol. Trata-se, portanto, de uma praxiografia, entendida como um método de pesquisa, que não se volta para a investigação de significados acerca da doença, mas como ela é atuada nas práticas. A doença trazida à condição de aparecimento não foi resultante apenas da atividade médica, mas as práticas de cuidado das famílias, suas experiências, percepções, descobertas e compreensões acerca da doença participaram da produção do que conhecemos hoje como SCZ. Nesta investigação buscou-se evidenciar como a síndrome foi trazida à condição de aparecimento por uma variedade de agentes, fazendo com que distintos modos de ler o corpo e de lidar com a doença coexistissem incorporados às várias atividades.

Palavras-chave:
Zika Vírus; Família; Ciências Sociais