Mensuração e caracterização da qualidade do atendimento à criança na atenção primária à saúde brasileira: uma análise de classe latente
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Resumo:
Este estudo objetivou caracterizar a qualidade da assistência à saúde infantil e explorar sua relação com características municipais. Utilizando dados da avaliação externa do primeiro ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, este estudo transversal avaliou 16.566 equipes da Estratégia Saúde da Família. Nove indicadores binários foram criados com base nas recomendações do Ministério da Saúde do Brasil. Utilizamos análise de classe latente e regressão logística multinomial para avaliar a qualidade da assistência e associações com região do país e com o Índice de Carência Brasileiro. Três padrões de qualidade da assistência foram identificados: alta, intermediária e baixa adequação. O padrão denominado “alta adequação” incluiu 31,2% das equipes, enquanto 53,3% das equipes foram categorizadas como “intermediária adequação” e apenas 15,4% estavam na categoria de “baixa adequação”. A chance de uma equipe pertencer ao padrão “alta adequação” foi mais de duas vezes maior (OR = 2,34; IC95%: 1,15-4,76) na região Nordeste em comparação à região Centro-Oeste. Para equipes localizadas em municípios com privação moderada e baixa, a chance de pertencer ao padrão “alta adequação” foi de 2,04 (IC95%: 1,44-2,89) e 9,08 (IC95%: 4,54-18,14) vezes maior, respectivamente, em comparação aos municípios com alta privação. Este estudo identificou três padrões de qualidade do cuidado à criança. A maioria das equipes estava incluída no padrão “adequação intermediária”. A qualidade do cuidado estava associada com as características do município. A metodologia utilizada neste estudo permitiu caracterizar a qualidade do cuidado de forma mais consistente.