Estudo de custo-efetividade das abordagens terapêuticas para leishmaniose mucosa
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Resumo:
O objetivo deste estudo foi estimar o custo-efetividade de quatro abordagens terapêuticas disponíveis para leishmaniose mucosa no Brasil: miltefosina, antimoniato de meglumina, com e sem associação à pentoxifilina e anfotericina B lipossomal. A perspectiva adotada foi a do Sistema Único de Saúde (SUS). O desfecho de interesse foi “paciente curado”, que foi analisado por meio de um modelo de árvore de decisão. Estimativas de custos diretos e efetividade foram obtidas da literatura científica. O antimoniato de meglumina isolado foi a estratégia de comparação de base; a anfotericina B lipossomal apresentou razão de custo-efetividade incremental (RCEI) de USD 7.409,13 por paciente curado, e a combinação de antimoniato de meglumina com pentoxifilina apresentou RCEI de USD 85,13. A miltefosina foi dominada, com maior custo e efetividade semelhante quando comparada àquelas do antimoniato de meglumina. As análises de sensibilidade, variando o custo em ±25%, não alteraram os resultados. No entanto, quando o custo da miltefosina foi estimado em menos de USD 171,23, essa estratégia foi dominante sobre o antimoniato de meglumina isolado. Os resultados confirmam que o tratamento com anfotericina B lipossomal continua sendo a opção com maior RCEI entre as abordagens analisadas. Por sua vez, a miltefosina pode ser custo-efetiva com base na variação do preço de aquisição, o que merece atenção por ser a única opção oral disponível. A não consideração de outros aspectos impede o uso imediato desses resultados para subsidiar a tomada de decisão, mas apontam a necessidade de negociação dos preços dos medicamentos disponíveis para a leishmaniose mucosa e indicam a necessidade de incentivar a transferência de tecnologia ou outras ações que visem ampliar a atuação do complexo industrial nacional.