Percepção e experiências da PrEP de homens gays e bissexuais jovens e adolescentes: uma análise interseccional
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Resumo:
Os estudos revelam lacunas no conhecimento sobre as barreiras ao acesso e à adesão à profilaxia pré-exposição do HIV (PrEP) em adolescentes. O artigo explora as percepções e experiências de jovens gays e bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (JGBHSH) na busca, uso e adesão à PrEP, considerando suas posições de acordo com marcadores sociais de diferença como raça/cor da pele, gênero, sexualidade e nível social. A interseccionalidade fornece suporte teórico e metodológico para interpretar de que maneira a interconexão desses marcadores sociais de diferença constitui barreiras e facilitadores no continuum de cuidados. O material empírico faz parte do estudo PrEP1519 e consiste em 35 entrevistas semiestruturadas com JGBHSH de duas capitais brasileiras (Salvador e São Paulo). As análises identificam conexões entre marcadores sociais de diferença, culturas sexuais e os sentidos sociais da PrEP. Aspectos estruturais subjetivos, relacionais e simbólicos permeiam o conhecimento da PrEP dentro do leque de possibilidades de prevenção. A disposição de usar e aderir à PrEP faz parte de um processo de aprendizagem, produção de sentido e negociação frente ao risco de HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis e as possibilidades para obter prazer. O conhecimento, acesso e uso da PrEP fazem com que muitos adolescentes estejam mais informados sobre suas vulnerabilidades, resultando em decisões com mais informação. A interconexão do continuum de cuidados em PrEP entre JGBHSH com as intersecções dos marcadores sociais de diferença pode fornecer um arcabouço conceitual para problematizar as condições e os efeitos da implementação dessa estratégia preventiva, com o potencial de trazer vantagens para os programas de prevenção do HIV.