Transfobia no Brasil em contexto pandêmico: percepções e ações de coletivos políticos que atuam em prol da população trans
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Resumo:
O contexto da pandemia de COVID-19 no Brasil foi marcado por uma série de medidas para contenção do vírus, que tiveram repercussões específicas sobre os diferentes grupos sociais, especialmente os mais vulnerabilizados, como transexuais e travestis. O presente artigo objetiva compreender particularidades da transfobia no Brasil no contexto da pandemia de COVID-19 e a atuação de organizações e coletivos políticos diante desse cenário, levando em conta o ineditismo e a relevância de sua contribuição, dada a escassez de estudos voltados à compreensão do fenômeno transfóbico em contextos de grave crise social. Adotando uma abordagem qualitativa, foram realizadas cinco entrevistas com representantes de coletivos trans de abrangência local, regional e nacional. O tratamento do material recolhido empregou a técnica de análise de conteúdo, conforme preconizada por Bardin, e privilegiou aportes teóricos queer. A organização dos resultados se deu em dois eixos temáticos: (1) transfobia em relações cotidianas; e (2) desafios no acesso a políticas públicas. Este eixo foi subdividido em: (a) política de educação e mercado de trabalho; (b) política de assistência social e segurança alimentar; e (c) política de saúde e saúde mental. O estudo aponta que, na avaliação dos coletivos entrevistados, a pandemia intensificou uma série de desigualdades e violências que já eram experienciadas por travestis e transexuais, indicando o relevo da in/ação do Estado, ele mesmo agente de transfobia.