Análise da associação entre desigualdades raciais e edentulismo no Brasil: uma revisão sistemática e metanálise
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Resumo:
O objetivo deste estudo foi avaliar se indivíduos que se autoidentificam como pretos e/ou pardos apresentam maior prevalência de perda dentária em comparação a indivíduos brancos no Brasil por meio de uma revisão sistemática e metanálise. Foram consultadas as bases de dados PubMed, Scopus, Web of Science, Biblioteca Virtual em Saúe e Embase e literatura cinzenta. Dois revisores independentes realizaram as buscas e a seleção dos artigos. A Escala de Newcastle-Ottawa foi utilizada para estudos de coorte observacionais e sua versão modificada foi utilizada para estudos transversais. A estatística I2 foi utilizada para avaliar a heterogeneidade entre os estudos incluídos nas metanálises. Dos 25 artigos elegíveis para avaliação qualitativa, 17 foram submetidos à avaliação quantitativa. O tamanho da amostra variou de 101 a 18.718 indivíduos e idade variou de 11 e 74 anos. A maioria dos estudos comparou brancos com não brancos (pretos, pardos, asiáticos e indígenas). Na análise da comparação entre brancos e não brancos, não foram encontradas diferenças quanto ao edentulismo (OR = 0,86; IC95%: 0,71; 1,06), à ausência de dentição funcional (OR = 0,82; IC95%: 0,33; 2,03) ou ao número médio de dentes perdidos (DM = -0,21; IC95%: -2,92; 2,49), porém uma diferença significativa foi encontrada em relação à perda dentária (OR = 1,40; IC95%: 1,26; 1,55). Em comparação aos brancos, a perda dentária foi maior em indivíduos que se autodeclararam pretos/pardos (OR = 1,41; IC95%: 1,27; 1,57). Essa diferença também foi observada ao comparar pretos/pardos com outras raças/cores de pele (OR = 1,24; IC95%: 1,15; 1,33). Assim, em estudos realizados no Brasil, a perda dentária foi mais prevalente em indivíduos que se autodeclararam pretos e/ou pardos.