Impacto da COVID-19 na mortalidade domiciliar no Município do Rio de Janeiro, Brasil: análise temporal e espacial, de 2010 a 2020
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Resumo:
O objetivo deste estudo é analisar a distribuição temporal e espacial da mortalidade domiciliar no Município do Rio de Janeiro, Brasil, antes e durante o primeiro ano da pandemia da COVID-19. Trata-se de estudo ecológico, em residentes com 15 anos ou mais, desenvolvido em duas etapas: (i) estudo de série temporal para analisar a taxa de mortalidade segundo local de ocorrência; a taxa de mortalidade domiciliar (TMD) segundo causa básica, idade e sexo; e a proporção de óbitos domiciliares por raça/cor e escolaridade, no período 2010-2020; e (ii) análise espacial para observar a variação espaço-temporal dos óbitos domiciliares de 2010 a 2020 por Região Administrativa (RA). Foram utilizados dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, estimativas populacionais e o Índice de Progresso Social (IPS), todos não identificados e de acesso público. Entre 2019 e 2020, houve aumento de 25,5% dos óbitos domiciliares, principalmente por causas infecciosas e parasitárias, transtornos mentais e causas mal definidas; aumento da TMD em todas as faixas etárias, exceto dos 15-19 anos; e aumento da proporção de óbitos domiciliares em pessoas de raça/cor preta e naqueles com até três anos de estudo. Foram detectados dois clusters: no primário (2016-2020), a maior TMD foi observada em RA com elevado IPS, enquanto no secundário (2020), as maiores TMD ocorreram em RA com menor IPS. Foi observado excesso de mortalidade no primeiro ano da pandemia da COVID-19 no Município do Rio de Janeiro. A mudança do perfil de casos e causas dos óbitos domiciliares e o aumento da TMD em RA com menor IPS sugerem aumento da mortalidade domiciliar em populações mais vulneráveis socialmente durante a pandemia.